Moderno onde? Moderno quando? A semana da 22 como motivação

A exposição “Moderno onde? Moderno quando? – A Semana de 22 como motivação”, presente no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM SP), apresenta o Modernismo brasileiro em um contínuo desenvolvimento, desmitificando a percepção da Semana de Arte Moderna, ocorrida em 1922, como uma abrupta transgressão artística. Assim, para que o expectador compreenda tal processo, são apresentados artistas que antecederam, que participaram e que sucederam a Semana de 22.  

 

 

O questionamento do título da mostra é então apresentado em virtude da inexatidão temporal e territorial do Modernismo. Dessa maneira, o movimento modernista no Brasil é conceituado no decurso de uma abertura na arte para outras vertentes além das neoclássicas, propondo portanto, uma atualização de técnicas e métodos na esfera artística. A exposição permanecerá no MAM – SP até o dia 12 de dezembro de 2021, com entrada gratuita perante agendamento prévio no site. A curadoria é de Aracy Amaral e Regina Teixeira de Barros. 

Vista da exposição “Moderno onde? Moderno quando?”, Museu de Arte Moderna de São Paulo, 2021.
A hora do pão’, Abigail de Andrade, 1889, óleo sobre tela.
Mulher diante do espelho’, Vicente do Rego Monteiro, 1922, óleo sobre tela.

A Semana de Arte Moderna, ocorrida entre os dias 13 e 17 de fevereiro de 1922, foi uma manifestação intelectual e artística cuja intenção era a renovação de conceitos e estéticas, contrariando o conservadorismo artístico do século XIX, a partir da defesa da liberdade criativa e da exaltação da cultura brasileira. Integrando a exposição do MAM – SP “Moderno onde? Moderno quando?”, Anita Malfatti, Di Cavalcanti e Victor Brecheret compõem o quadro de artistas presentes na Semana de 22. 

 

As obras de Anita Malfatti (1889-1964) apresentam o dinamismo moderno entre traços espessos e cores vibrantes, condicionando à uma arte interpretativa. Já Di Cavalcanti (1987-1976) é um grande retratista de cenas corriqueiras. Fortemente motivado pelas questões sociais, Di Cavalcanti as utiliza para exaltar a arte nacionalista no país. Victor Brecheret (1894-1955), destaca-se por suas esculturas em diversos materiais, do bronze ao mármore, perpassando pela terracota. As obras desses artistas foram bastante questionadas após a exposição na Semana de 22, seja pelas temáticas ou pelas técnicas. 

 

 

O Farol’, Anita Malfatti, 1915, óleo sobre tela.
Soror dolorosa’, Victor Brecheret, 1920, bronze.
Cinco moças de Guaratinguetá’, Di Cavalcanti, 1930, óleo sobre tela

Dando continuidade ao progresso modernista brasileiro, o MAM – SP traz em sua mostra “Moderno onde? Moderno quando?” obras de três artistas ilustres para compor o espaço expositivo: Tarsila do Amaral, Cândido Portinari e Alfredo Volpi. Ingressando efetivamente ao Movimento Modernista somente após a realização da Semana de 22, a tríade trouxe renovações e contribuições importantes para a consolidação do movimento. 

 

Tarsila do Amaral (1886-1973) exibiu em suas composições fortes características das vanguardas europeias em efervescência na época. Porém, sua maneira singular de integrar tais aspectos com a brasilidade foi responsável por tornar suas obras reconhecidas internacionalmente. Já as obras de Cândido Portinari (1903-1962) destacam-se pelo teor nacional e histórico, além da presença de críticas sociais. Indo na contramão temática, porém, sem deixar de caracterizar o Brasil, Alfredo Volpi (1896-1988) articula obras de caráter religioso e de festividades populares.  

 

 

Carnaval em Madureira, Tarsila do Amaral, 1924, óleo sobre tela.
’Mogi das Cruzes’, Alfredo Volpi, 1932-33, óleo sobre papelão.
Café’, Cândido Portinari, 1935, óleo sobre tela.