Tipologias da Imaginação

A Fundação Cultural BADESC (Florianópolis – SC) exibe a mostra “Tipologias da Imaginação”, apresentando os 10 artistas selecionados pelo Edital Elisabete Anderle no ano de 2020. Com instalações, desenhos, pinturas e recursos audiovisuais, a exposição contempla a arte contemporânea a partir dos vários processos criativos presentes em cada mostra. 

 

Os artistas presentes são: Ana Soukef, Daniel Leão, Flávia Scoz, Mayara Voltolini, Felipe da Costa, Edson Macalini, Estela Camillo, Diana Chiodelli, Mila Kichalowski e Jan M.O, todos residentes de Santa Catarina. A exposição pode ser visitada gratuitamente de terça à sábado das 13h às 18h, até 31 de março de 2022. 

 

Ana Soukef, em sua mostra “Peles de Montanha” aborda a temática da relação humana com a natureza com base em sua perspectiva pessoal a partir do contato com o Morro do Cambirela, paisagem ilustre da Grande Florianópolis. Analisando, observando e compreendendo a dinâmica do local, Ana Soukef não só desenvolveu vínculos afetivos com o cenário como também o conectou com o sentido sagrado manifesto pela população indígena que habitava os arredores da montanha. 

 

 

A artista ainda articula a paisagem com a ação do homem e do tempo perante a natureza, identificando as singelas mudanças pertencentes aos processos ambientais naturais e a deterioração forçada pela atitude de indivíduos responsáveis pela transformação do espaço através da exploração da mineração na base do local. Dessa maneira, Ana Soukef conecta passado e presente, perpassando os tempos, as entidades, as formas e os elementos que vivem e convivem com o meio. 

Vistas da exposição “Peles de Montanha”, Ana Soukef, Fundação BADESC, 2021.
Vistas da exposição “Peles de Montanha”, Ana Soukef, Fundação BADESC, 2021.

Na exposição “Tipologias da Imaginação”, presente na Fundação Cultural BADESC, duas artistas utilizaram da oscilação e do perplexo para tratarem de suas temáticas individuais. São elas: Mila Kichalowski e Flávia Scóz. 

 

A fotógrafa Mila Kichalowski (Data) apresenta “Stella absentia” (“Estrela ausência”), um conjunto de fotografias contestam a relação presença-ausência a partir do luto e de seus processos individuais. 

 

O trabalho íntimo de “Stella absentia” foi iniciado em 2017 quando o marido da fotógrafa foi diagnosticado com um câncer em metástase. Desde então, Mila passou a registrar os momentos em família, que transitaram entre a presença física do pai às memórias afetivas dos filhos durante as várias fases do luto. As intensas imagens demonstram a individualidade de cada ser em lidar com as dores e as saudades. 

 

Já a artista Flávia Scóz (data) exibe “Risco de queda” uma série de trabalhos relacionados à tensão fundamentada com a viabilidade da mudança. A partir das dicotomias presentes na vida do ser humano (corpo/linguagem e matéria/pensamento, por exemplo) a artista explora o limiar que impede as certezas de se tornarem plausíveis.  

 

 

Dessa maneira, Flávia Scóz utiliza justamente a hesitação das linhas tênues como pontos de partida necessários para a operação da vida humana. Compostas por desenhos, fotografias, instalações e recursos audiovisuais, as mostras poderão ser visitadas gratuitamente na Fundação BADESC até 31 de março de 2022. 

“Stella absentia”, Mila Kichalowski, Fundação Cultural BADESC, 2021.
“Stella absentia”, Mila Kichalowski, Fundação Cultural BADESC, 2021.
“Risco de queda”, Flávia Scóz, Fundação Cultural BADESC, 2021.

Felipe da Costa exibe em “Topologias da Imaginação” na Fundação BADESC (Florianópolis), a série “Os primórdios da civilização brasileira”. Questionando a presença de uma história única proveniente da Europa, o artista apresenta sobreposição cultural estabelecida pelos europeus em relação aos povos nativos indígenas.  

 

Partindo a convivência inter-racial em um local de colonização alemã, Felipe da Costa exibe a problemática ao redor de uma narrativa popularizada de valores e tradições europeias, ao mesmo tempo em que a cultura dos povos originários é propositalmente esquecida. Os desenhos e pinturas apresentados foram realizados a partir de mapeamentos e projeções de fotografias a partir da construção do olhar crítico do artista. 

 

Também na Fundação BADESC, a artista Estela Camillo exibe uma série de pinturas relacionadas ao cotidiano da vida central em Florianópolis – SC. Apresentando elementos considerados secundários na paisagem da cidade, mas que sempre estiveram presentes no dia a dia, Estela Camillo dá visibilidade ao excesso que nunca é invisível, mas sim ignorado. 

 

 

Assim, a artista realizou “Os Pombos”, “Se Alimentam”, “De Lixo” e “EMBALADO EM: 22/10/2021”, quatro obras que expõem a realidade brasileira cercada de resíduos, animais fora de seus habitats e a irrelevância do descartável em tempos atuais. 

"Os primórdios da civilização brasileira”, Felipe da Costa, Fundação Cultural BADESC, 2021.
“Os Pombos” e “Se Alimentam”, Estela Camillo, Fundação Cultural BADESC, 2021.