Volpi Popular

A mostra “Volpi popular”, em exposição no MASP (São Paulo) desde fevereiro de 2022, reúne 96 composições do pintor ítalo-brasileiro Alfredo Volpi (1896-1988). Com o intuito de perpassar 5 décadas de produção do artista, a mostra, dividida em eixos temáticos, evidencia os influxos da arte clássica e da arte popular, tão presentes nas obras de Volpi.

 

 “Volpi popular” compõe as mostras do biênio 2021-2022 Histórias Brasileiras, programação desenvolvida pelo MASP em homenagem aos 200 anos da Independência do Brasil (1822). Ainda, a exposição dialoga com outras duas já apresentadas pelo museu, “Portinari popular” (2016) e “Tarsila popular” (2019), podendo ser analisada no contexto da celebração do centenário da Semana de Arte Moderna (1922).

 

 Permanecendo até 5 de junho de 2022, a mostra pode ser visitada gratuitamente às terças-feiras, de 10h às 20h mediante reserva de ingressos pelo site do MASP. As visitações de quarta à domingo ocorrem de 10h às 18h com o ingresso no valor de R$50,00 (inteira), devendo ser adquirido pelo site. O ingresso permite a visitação de todas as exposições presentes no museu na data escolhida.

’Sereia’, Alfredo Volpi, 1960.
Vista da exposição “Volpi popular”, MASP, São Paulo, 2022.
Vista da exposição “Volpi popular”, MASP, São Paulo, 2022.

“Volpi popular”, presente no MASP (São Paulo), expõe o universo artístico de Alfredo Volpi (1896-1988) para além das reputadas bandeirinhas. Subdividida em sete núcleos temáticos, a mostra, apesar de não cronológica, exibe muito das inspirações do artista ao longo de sua carreira.

 

Os núcleos “Santas e Santos”, “Fachadas” e “Retratos”, por exemplo, apresentam o início da carreira do artista quando este era um pintor de paredes e realizava pinturas religiosas para seu sustento. Porém, as figuras religiosas de Volpi já exibiam a característica popular que abrange quase a totalidade de suas composições: a sacralidade em suas obras vinha negra, de modo a exaltar a diversidade brasileira.  

 

Em “Marinhas” e “Temas náuticos e lúdicos”, é apresentado ao visitante a vertente mística desenvolvida por Volpi durante o período em que viveu próximo ao mar. Já em “Cenas urbanas e rurais” e “Bandeirinhas e mastros” estão presentes as bandeirinhas, o geométrico, o abstrato e a vivacidade das cores, as peculiaridades marcantes das composições do artista. 

 

Apresentando a diversidade temática presente nas composições de Volpi, a mostra concede ao visitante explorar as várias nuances deste artista plural, bem como suas variações técnicas e estéticas de traços, cores e texturas que acompanharam os mais de 50 anos de produção artística. 

 

 

Sem título, Alfredo Volpi, 1950.
’Madona e o Menino’, Alfredo Volpi, 1940.

Alfredo Volpi (1896-1988) foi um marcante pintor ítalo-brasileiro do século XX. Iniciando sua carreira com a realização de pinturas em paredes, em 1911 começa seus trabalhos em madeiras e telas e em 1925 expõe pela primeira vez no Palácio das Indústrias de São Paulo, apresentando paisagens e retratos.  

 

No ano de 1937, aproxima-se de Ernesto de Fiori (1884-1945), artista experiente que proporciona uma maior aproximação de Volpi com a teórica e prática artística. Na mesma época, utilizando a têmpera como principal técnica, inicia composições com temáticas marítimas e cenas cotidianas ao mesmo tempo em que traços abstratos conquistam espaço em suas telas. 

 

Em 1944, Alfredo Volpi realiza a sua primeira exposição individual e nos anos seguintes firma-se em uma posição de destaque no cenário artístico brasileiro, partilhando o prêmio de melhor pintor nacional com o modernista Di Cavalcanti (1897-1976). Na década de 1950, Volpi participa das 3 primeiras edições da Bienal Internacional de São Paulo e consagra sua marca registrada ao retratar bandeirinhas e mastros. 

 

Unindo elementos modernos com ambientes e indivíduos presentes na cultura popular brasileira, Alfredo Volpi se tornou uma referência do Modernismo no país, mesmo não se identificando como tal. O artista faleceu no ano de 1988 devido a um enfarte agudo do miocárdio. 

 

 

’Bandeirinhas’, Alfredo Volpi, 1960.