Objetos Instalativos & A Outra em Mim

A Fundação Cultural BADESC inaugurou no dia 12 de setembro e 17 de outubro, as exposições “Objetos Instalativos” do artista Rubens Oestroem (1953- ) e “A Outra em Mim”, da artista Priscila dos Anjos (1982- ), respectivamente. O objetivo do espaço físico da fundação é encorajar a produção de arte, cultura e educação de artistas regionais, a fim de incentivar o desenvolvimento de pesquisas voltadas ao meio artístico no estado de Santa Catarina.

A instituição promove diversos projetos e atividades além das exposições de artistas contemporâneos, como mostras de cinema – possuindo o mais ativo cineclube do estado, com uma programação diária de filmes -, apresentações de músicas, feiras de arte, além de inúmeras outras atividades desenvolvidas que estão sempre abertas ao público de maneira gratuita. A fundação é um espaço transdisciplinar que abre sempre suas portas a diversas formas de manifestações artísticas, proporcionando ao público um leque de combinações e interligações ao propagar o conhecimento. 

Banner de divulgação da exposição "Objetos Instalativos", presente na Fundação Cultural BADESC

A partir disso, “Objetos Instalativos” e “A Outra em Mim” dialogam muito bem com a proposta da Fundação BADESC, expondo a partir de suas mais variadas formas o que cada um dos autores procura transmitir ao público a partir de seus trabalhos. 

“Objetos Instalativos” ficará disponível até o dia 12 de dezembro, e “A Outra em Mim”, até o dia 5 de dezembro. O espaço da Fundação está aberto de segunda-feira à sexta-feira, com horário de funcionamento no período da tarde, das 13h às 19h. Possuindo recurso de acessibilidade física, o acesso ao espaço cultural é gratuito para todos os públicos.

Vista da exposição "A Outra em Mim", presente na Fundação Cultural BADESC

Em sua terceira exposição na Fundação Cultural BADESC, o artista Rubens Oestroem expõe pela primeira vez individualmente a céu aberto a mostra “Objetos Instalativos”, no jardim da instituição. 

Natural da cidade de Blumenau, Oestroem residiu durante 10 anos na Alemanha e estudou na academia de artes de Berlin, HdK, onde produziu trabalhos e participou de diversas mostras. Retornou para Santa Catarina nos anos 80 e atualmente reúne sua casa, jardim e ateliê em um só lugar na cidade de Florianópolis

Rubens Oestroem ao lado de sua obra "Gravitate", 2014.

A exposição é composta de esculturas de três metros de altura, produzidas, na sua maioria, em pedaços de madeira e objetos encontrados pelo artista na praia ou durante suas caminhadas de fim do dia pelo bairro de  Sambaqui, onde reside na capital do estado. Esses objetos incluem restos de embarcações naufragadas, panos, galhos, pedras, entre outros, que são tratados e recebem uma pintura policromada em verniz e tinta acrílica.

Para Yara Guasque, curadora da exposição, a mostra possui um caráter dinâmico ao reaproveitar objetos encontrados por acaso, inventando a partir de uma escassez de materiais artísticos uma nova maneira de produzir suas esculturas. Segundo Yara: “Esse conjunto que vai estar no jardim da Fundação são obras que reúnem madeiras que o artista recolheu e que foram colocadas em hastes, e essas hastes têm um equilíbrio e aparentam aquelas placas que indicam rumos e direções. Elas ficam em meio ao caos, pois estão soltas e encostadas umas nas outras”.

“Objetos Instalativos” possui um caráter moldável e adaptável a cada lugar em que é exposta, nos fazendo refletir a respeito do caráter que a arte possui, algo fluido que possui diferentes percepções e opiniões dependendo de quem a consome. Rubens tenta criar uma instalação sempre impossível de ser repetida mas ao mesmo tempo, com a liberdade de projetá-la onde bem entender. 

Detalhe da obra "Coração de Pescador", Rubens Oestroem, 2023.

A artista visual Priscila dos Anjos (1982- ) realiza sua primeira exposição individual na Fundação Cultural BADESC com sua coletânea de obras “A Outra em Mim”. Priscila é formada em Artes e pós-graduada em História da Arte, atua desde 1997. Suas criações abarcam e lançam luz sobre questões de gênero, o universo feminino e o ambiente educativo. Com mais de 100 exposições, Priscila carrega uma carreira consolidada até os dias de hoje.

A mostra “A Outra em Mim”, composta por 11 fotografias e objetos, é dividida em duas séries: “Fios da memória” e “A Dor que o Outro Crava em Mim”. A primeira série iniciou-se em 2004 e possui foco em fios de cabelo, símbolo de forte significado para Priscila, por meio das obras na instalação, a artista explora sua ancestralidade, trazendo fios de cabelo próprios, de sua mãe e de sua avó. Uma de suas obras que mais caracterizam a simbologia que fios carregam é a intitulada “Tornar o que se pode ser”, uma vídeo performance de dois minutos que mostra sua mãe trançando seus cabelos e prendendo-os a uma mecha dos fios de sua falecida avó, um ato representativo diante da história da artista com sua antecessora.

Vista do Vídeo Performance “Tornar o que se pode ser”, Priscilla dos Anjos, 2021.

A outra série presente na mostra apresenta imagens fortes aos olhos, porém, extremamente sentimentais. Em “A Dor que o Outro Crava em Mim”, iniciada em 2021, Priscila nos apresenta uma coletânea de fotografias que representam a violência sofrida pelas mulheres na sociedade. De maneira literal, suas dores internalizadas são expostas e representadas na forma de pequenos espinhos de cactos que a faz sofrer não apenas fisicamente, mas também afetam fortemente seu emocional ao realizar um ato de tamanha profundidade. 

Sinto porque existo, Priscila dos Anjos, 2021.

A Fundação BADESC conta com a participação de Priscila no terceiro episódio do “PodArte”, um Podcast disponibilizado pela instituição em seu canal no YouTube. Lá, a artista fala um pouco mais sobre a proposta e intencionalidade de seu trabalho, além do que a levou a produzi-lo.